25 dezembro 2013

Obrigada pelo nosso fim.

Antes de maldizer essa carta e largá-la em um canto qualquer, leia-a. Não é mais uma tentativa tola de te fazer voltar, longe disso. São apenas algumas palavras que eu gostaria de ter te dito há algum tempo, mas até então não me sentia preparada para fazer isso. 

Primeiramente, espero que as coisas estejam indo bem por aí. Por aqui tudo está bem, obrigada. Minha mãe ainda pergunta de você às vezes, mas ela irá superar sua ausência, assim como eu superei. Sabe como ela é, se apega muito rápido as pessoas e tem uma certa dificuldade em aceitar que, cedo ou tarde, elas se vão (eu tive a quem puxar). Meu pai já aceitou os fatos e tranquilize-se, ele não te odeia e nem guarda rancor. Aquele circo todo passou, as pessoas já não ligam meu nome ao seu e são poucos os que se atrevem a perguntar sobre nós dois. Ou melhor, sobre eu e você. 

Passei uma boa parte desse tempo sentindo sua falta e derramei algumas lágrimas tímidas, pouquíssimas lágrimas, afinal você me ensinou com excelência que não devo chorar por quem não faz questão de me ver sorrir. Foi um sofrimento breve e contido. Não senti necessidade de gritar a minha dor ou de expor meus ferimentos, eu estava relativamente bem com a situação. Posso dizer com total convicção que sofri mais durante o tempo em que estávamos vivendo um caso indefinido do que quando você, finalmente, decretou o fim. E eu já esperava essa decisão, confesso. Eu já sentia que iria acabar, apenas fiquei abismada com a forma que acabou. Eu esperava um adeus sem palavras gritadas e verdades vomitadas, mas isso não importa mais, até porque eu já te perdoei por cada palavra atravessada que você pronunciou. Perdoei de coração.

Hoje posso dizer que estou curada do mal que você me causou. E tenho visto as coisas de um ponto de vista diferente e, digamos, mais otimista. Apesar do nosso fim, você foi um divisor de águas na minha vida: antes de você eu era só mais uma menina frágil, ingênua e sem malícia alguma e depois de você eu me tornei uma mulher forte e que manda e desmanda na própria vida. Você reclamava que eu sempre corria pros ombros alheios na hora de me lamentar, mas se você pudesse me ver agora teria orgulho do quanto eu tenho melhorado nesse ponto. Tenho sido mais paciente com as coisas e me dedicado mais a mim mesma. Você pediu pra eu me cuidar e eu fiz isso muito bem. Cuidei de mim, do meu corpo, da minha alma e do meu coração e, veja só, eu fiz isso sozinha. Me tornei mais independente quando percebi o quão mal me fez a ideia de depender de você pra ser feliz. 

Obrigada pelo nosso fim, porque ele era tudo que eu precisava pra dar um "restart" na minha vida. Sua chegada me fez bem e a sua partida me fez ainda melhor. Não se sinta mal por isso e não é necessário se arrepender, só quero que você esteja ciente de que mesmo tendo me machucado muito, você contribuiu pra que eu evoluísse. Aprendi com você coisas que jamais teria aprendido sozinha. Aprendi a dizer adeus, a seguir em frente e a valorizar apenas aquilo que agrega valor à minha vida. Não cultuo mais sofrimento, nem prolongo dores e deixo pra trás tudo que não acrescenta. Finalmente a garotinha mimada que você amava se tornou a mulher que você sempre cobrou que ela fosse. Pena que agora, pra você, é tarde demais. Espero que suas coisas estejam correndo como você planejou e que seu sorriso tenha voltado aos lábios. Sinceramente só desejo à você coisas boas! A parte bondosa que você conheceu de mim permaneceu intacta, dela eu não abri mão.

Obrigada, querido. Obrigada pela nossa história. Um dia a gente se encontra pra que eu possa enfim te agradecer, principalmente, pelo nosso fim.

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