21 julho 2013

Querido Chico.

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Querido Chico,

Fiquei sabendo que ele está bem. Ele está bem sem mim, Chico, mas eu não estou tão bem assim sem ele. Confesso que, no fundo, eu esperava que ele sofresse um pouco, que sentisse saudade, que me ligasse na madrugada de uma quarta-feira qualquer me pedindo pra voltar. A gente sempre espera demais e você sabe bem disso, Chico.

Semana passada, esbarrei com ele na padaria. Estava lindo, como sempre. Exibindo aqueles dentes brancos na forma de um sorriso aparentemente feliz. Com os olhos pequenininhos, castanhos e brilhantes... Me lembro bem daqueles olhos e daquele olhar. Se eu o encontrasse daqui a 50 anos, eu o reconheceria apenas pelo olhar. Efeitos colaterais do amor, bobagem, né? 

Diz que é bobagem, Chico. Diz que isso vai passar; que é um sentimento passageiro assim como tudo nessa vida. Diz pra mim que esse tal de amor vai passar logo e que, se não for assim, diz que não é amor. É amor, Chico? Eu não sei me expressar bem, você sabe disso. Eu não consigo entender o que eu sinto. É um misto de saudade, vontade de cuidar. Saudade do sorriso dele, do abraço dele, daquele cheiro que acalmava o meu coração. Saudade dos beijos, dos carinhos, das músicas que eu parei de ouvir porque me lembram ele, dos filmes que parei de ver pelo mesmo motivo. Saudade das tardes no cinema e no sofá. Ai Chico, eu sinto tanta falta.

Eu sei que me fez mal, é claro que eu sei. Sei que me machucou, que quebrou meu coração em mil pedaços e não se deu o trabalho de me ajudar a colar todos eles. Eu sei, Chico, eu sei que fui ingênua pela milésima vez. Sei que deveria ter ouvido meus amigos, minha mãe, a cartomante, meus amigos imaginários e até meu próprio subconsciente, mas eu resolvi ouvir meu coração, Chico. Eu acredito nessas bobagens. Acredito que não existe tempo ou obstáculos para o amor verdadeiro. Ou acreditava. Eu ainda não sei.

É difícil sem ele aqui, Chico. É difícil dormir sem ouvir a voz cansada dele, sem saber como foi o dia dele, embora eu sempre reclamasse quando ele vinha me contando do chefe insuportável dele. E mais difícil ainda é acordar e saber que tudo vai se repetir: Ele não vai ligar, eu também não. Não vamos trocar torpedos, tampouco nos falar se ao acaso nos encontrarmos na rua. Nos tornamos desconhecidos, Chico. Eu e ele, Chico, tínhamos tudo para dar certo, mas não foi assim que aconteceu. O destino se encarregou de fazer nossos caminhos se cruzarem, Chico, mas também se encarregou de mudar nossos rumos e isso me deixa doente. É, eu tô doente e o nome da minha doença é saudade, Chico. Por acaso você sabe se existe cura pra isso?

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