28 julho 2014

Daquelas que...

Já que você se sentou aqui, então vamos conversar. Ou melhor, você vai me escutar. Talvez eu esteja meio bêbada ou seja só melancolia mesmo. Primeiramente, eu tenho vinte e dois anos e ainda não tenho ideia do que quero pra minha vida — digo, sou jornalista e meu salário é ótimo, mas ainda não sei se é isso que eu sempre quis, sabe? A sensação que eu tenho é de que cheguei no topo, mas talvez não seja isso que eu sempre sonhei pra mim. Tenho um emprego fixo, casa própria, o carro do ano e o homem que eu quiser na minha cama, mas isso não me traz felicidade. É ridículo e parece até ingratidão, mas é um estado de espírito: Eu tenho tudo pra ser feliz e sou infeliz.

Já apanhei muito dessa vida. Já me apaixonei por babacas. Corrijo: Só me apaixonei por babacas. Babacas de barba mal feita, voz rouca e sexo incrível. Mas depois da calcinha, jogaram meu coração também no chão. Não entendo os homens, não entendo porque mentem, dizem coisas lindas e depois se vestem, saem de mansinho e nunca mais respondem mensagens ou atendem ligações. Nada contra cafajestes. Tudo contra mentirosos. Na minha teoria as mulheres não se sentem usadas por terem transado com um idiota, mas por terem sido induzidas, através de falsas promessas, a transar. Transar com um idiota sabendo que ele é só mais um gostoso-idiota, é bem menos doloroso do que transar com um príncipe e acordar sem o sapo do lado, porque ele resolveu pagar a conta do motel e passar o número errado do celular. 

Sempre fui romântica, embora não pareça. Eu sonho em casar de véu e grinalda numa igreja enorme e cheia de vidrinhos coloridos. Quero ter um filho, um cachorro e um apartamento na praia. Eu sonho em construir um futuro ao lado de alguém — mas até agora não construí nem o presente sozinha. Tenho vontade de conhecer o Egito por causa dos mistérios que se abrigam lá. Gostar de mistérios é um ponto forte da minha personalidade. Talvez por isso eu goste tanto de falar de amor, de viver amores — mesmo que de uma noite. Amor é mistério do começo ao fim. No amor, os fins justificam os meios. No amor, não há espaço pra razão, e eu acho isso mágico. Incrivelmente mágico. 

Sou o tipo de mulher que ninguém aguenta, não por ser chata, mas por ser boa demais. Eu falo o que eu penso, bebo whisky puro, ouço Caetano, mas não dispenso um bom sertanejo na hora de afogar as mágoas. Frequento Museus e Bibliotecas, mas vez ou outra, me enfio em uma dessas boates e danço como se não houvesse amanhã. Sou o tipo de mulher que busca o amor em todas as esquinas, mas sempre acaba na frente da tv vendo algum romance clichê e se imaginando na história. Sou aquela que faz sexo pensando em andar de mãos dadas. Toda errada, eu diria. Sou uma menininha no corpo de um mulherão.

Daquelas que sonham em casar, mas evitam mostrar que tem um coração. Daquelas que não sabe o que quer pro futuro, mas continua fazendo as horas correrem dentro do escritório. Daquelas que usa salto quinze e saias coladas, mas que, vira e mexe, é vista em praças com vestidos floridos e chinelos rosas. Daquelas sem explicação. 

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